sábado, outubro 29, 2005

disparado!

Não quero fazer poesia engajada
me parece um tanto desperdício
mas é impossível ficar impassível
diante da realidade disparada

Nossa guerra pela paz
vencida pela tranquilidade
com que se lida com a violência
porque ás vezes ficar parado
é dar um passo para trás

Nosso costume com o insensato
vencendo qualquer espanto
nosso medo de perder
deixando tudo que resta escorrer

de mãos cheias e pesadas
desperdiçamos as chances
que incólumes passam
ao nosso alcance
mas tão longe
de serem aproveitadas

Nossos fins justificando os meios
esquecendo a falta
que a ausência de paz faz
entupidos com medo demais
o projétil venceu o projeto
resta agora saber
quem vai nos defender
estamos BLINDados de todos
mas a direção do tiro
pode ainda vir de fogo amigo

terça-feira, outubro 25, 2005

escrever sobre escrever

O problema de escrever não é arranjar inpiração, mas organizá-la. Porque idéias e pensamentos nós temos a torto e a direito. O complicado é encadea-los, separando e jogando fora aquilo que não é necessário. Se concentrar na Idéia e tecer em torno dela o texto. É difícil não se perder no caminho, entrando por desvios e atalhos que surgem no meio do processo. E é isso que é escrever, um verdadeiro processo, ao contrário de falar, que é um gesto(quase) espontâneo, escrever pode chegar a ser arte.. Isso porque é uma forma de expressão pensada, planejada, até mesmo tecnizada. Sim, por incrível que pareça há um engenharia por trás de cada poema. Sem uma boa estrutura, o texto despenca. As palavras do escritor se perdem e ganham outro tom, o que acaba desperdiçando toda a mensagem. Nada é ao leu, mesmo que seja espontâneo, porque até a espontaneidade é planejada. Diria até que a falta de regras é a regra mais rígida que existe. E que não me venham me chamar de positivista! Porque o que defendo é que escrever não é rebolar umas palavras sobre o papel, criar expressões bonitas ou parecer inteligente. Escrever com a intenção de ninguém entender é tão estúpido quanto escrever desesperado para que todos entendam. Mastigar demais é tirar p prazer da deglutição do leitor, é atrofiar a mandíbula cerebral...

Cada um escreve do seu jeito, cada um lê da sua maneira.. e assim existem zilhões de caminhos e interpretações. Mas isso não quer dizer liberdade total, aliás é lberdade sim, mas liberdade não é ausência de regras, pelo contrário, é bagunça organizada. Existe um código, uma cartilha que deve ser seguida não por mera convenção, mas para que se possa estabelecer uma comunicação intelingível com o receptor. Quebrar esses códigos é válido se for para comunicar algo, mesmo que uma crítica ou ruptura, mas fazê-lo sem razão é tolice pura. Não que eu seja assim um profissional na área da escrita, mas aqui estão os parâmetros que eu mesmo tento seguir. Enquanto escrevo, formulo e fixo meu pensamento, reforço idéias, descarto outras... Escrever é um processo de construção do texto enquanto agente se reconstrói. Ao terminar esse texto não serei mais o mesmo, não escreverei da mesmo forma. E você provavelmente não terminará de lê-lo a mesma pessoa. Não, isso não é um ataque de vaidade, até porque essa mudança pode ser muito bem pra pior, porque não? Mas de qualquer forma algo vai se transformar, mesmo que mínimo, irrelevante. Concordando ou descordando, p leitor vai se aproximar das minhas idéias ou reafirmar as suas sobre as minhas. Só espero que não continue o mesmo, porque se não o ato de escrever e o de ler ler não teriam sentido.

Isso tudo acabei escrevemdo porque queria atualizar o blog, mas estava confuso quanto a o que escrever. Pensei até em várias coisas, vieram várias ''inspirações'' na minha cabeça, mas nada me pareceu bom o suficiente para desenvolver um texto completo. OU era muito circunstanciais, ou idéias embrionárias. Ou simplesmente não conseguia me fixar em uma só idéia. Resolvi escrever sobre isso então. Sim, gosto de escrever sobre escrever, parece o assunto mais inesgotável que existe. E estranhamente ando escrevendo textos em prosa... Influência de blogs alheios, talvez, ou necessidade de me expressar de outra maneira. Vamos ver qual será a próxima, porque nunca existem vias suficientes de comunicação. Até a próxima!

segunda-feira, outubro 24, 2005

O que é 100% impermável sempre impoça.
Olho pro mundo, um pouco de desespero... Mas já fiz uma promessa: quando todos deixarem de ser religiosos, volto a acreditar em Deus!
Escrevi um texto sobre pessoas vazias...










Isso foi tudo que consegui com a inpiração que elas me deram.

quinta-feira, outubro 20, 2005

Tree of Li(f)e

Laranja sobre pressão amarela, agente também. Com o tempo, fruta fica madura, agente como elas cai do pé... e apodrece por um tempo, o suficiente pra ficar somente a semente, a essência.

Brota, cresce, fica vistosa. Mesmo se nutrindo de bosta. E assim somos também. Quem disse que só a cultura é edificante? Coisas ''ruins'' também nos fazem crescer, assim como o velho clichê de que os erros nos ensinam a acertar da próxima vez. Também. Porque clichês são apenas boas verdades que já foram ditas vezes demais.

SeMEnTE é aquela verdade que ainda não germinou. É preciso então mentir, que é o mesmo que plantar, agoar, adubar, reforçar a mentirinha e dar todos os recursos pra que ela possa virar verdade, árvore grande e de muitos frutos. Pra sobreviver, uma mentirinha pequena é ínfima diante da imensa que todo mundo sustenta, que é esse sistema. Mas vamos deixar esses filosofismos pra lá. A melhor mentira é aquela sedutora, a mentira arte, que faz com que a ''vítima'' deseje ser enganada, porque ela sabe da verdade, mas se deixa levar por uma versão da realidade que lhe parece mais interessante.

Quando a árvore fica vistosa, gera flores, que nada mais são do que mentiras bem contadas, belas e e inúteis como a boa arte. Sim, servem pra seduzir, e esse é o jogo da vida, que os brutos chamam de futilidade. A arte é um ensaio da vida, um rascunho, um grifo que se passa pelo pedaço percebido or alguém. É um registro, um instante, uma parte, um todo, um ínfimo, um infinito de possibilidades. Assim todo advérbio da arte deveria ser o DoceMEnTE, que é o jeito doce de mentir, seduzir, envolver.

Continuando a analogia, agente vira adulto quando aprende a mentir sem pudor. Sempre dizem pra gente quando criança que mentir é errado... outra mentirinha que dizem só pra não virarmos adultos antes do tempo. Assim é a mudinha que ainda não floresce, não se reproduz, não seduz, não engana. Assim como as crianças não fazem sexo, propagado como pecado na infância, justamente por não ser adequado a essa idade. Porque sexo é uma forma de expiar os pecados, de se redimir, e não o contrário. E crianças lá tem pecado? Claro que não, pecado é quando agente acredita meeeesmo que o que fazemos é errado. è quando agente fica adulto, independente da idade na carteira de identidade. O que são as fantasias se não uma maneira sutil de redimir as neuroses? Melhor brincar de sadomasoquista do que ferir alguém de verdade, é uma maneira positiva de lidar com a violência. Ela faz parte da natureza humana, maquiada pela civilidade. Afinal, o que é a civilização se não um grande teatro?

Assim agente aprende a mentir sem culpa, vira adulto ou adulta, quando descobre que toda verdade é oculta e toda mentira escancarada. É só ver as árvores com suas raízes enterradas e flores exposta. E antes que me venham dar lição de moral, fiquem sabendo que o maior mentiroso é aquele que diz que não mente.

quarta-feira, outubro 12, 2005

requiem

poemas são músicas mudas
que mudam a cada leitura
leitores, ouvintes surdos
que escutam quase tudo
captando vibrações
na tranquila reverberação
que ecoa surda no papel,
mesmo que este seja virtual

letras são notas condensadas
espontaneamente tecem
uma melodia entoada
de maneira planejada

e nunca é a toa
cada um delimita
em que tom se lê
na sua harmonia

palavras, palavras ou palavras
as vezes são gemidos liquefeitos
feito lágrimas molhando o papel
de tristeza e de felicidade

palavras quando combinadas
geram cores inesperadas
tons de verde-anil-azul
não só um simples belo blues

jazem vivas sempre sobre o céu
contando as lembranças de lembranças
de quem já morreu sob o papel
a tinta da caneta é o sangue do escritor
quanto mais escreve, mais ele sangrou

e sendo assim
cada poesia
é um pedaço de si
aos poucos amputados
exorcisados de mim

cada escrito
é um pouco epitáfio
mas nem toda morte
é infeliz
já que a vida
é um fio no abismo do fim
e a queda
talvez seja um alívio
ou a perdição

mas não importa
tenho escrito
um backup de memórias
pra nunca ser esquecido
a não ser que me apaguem
até dos livros
de quem já me leu

domingo, outubro 09, 2005

poeminha

me
ceda
embalado
com seda
um presente...
me permita
te pertencer
aproveita
e me imita
me pertence
tão bem
como só você
sabe ser
e me fazer
estar

sexta-feira, outubro 07, 2005

lado B

eu choro pq não sei entoar um blues
eu berro por não ter melodia
eu me mexo por ser muito duro
minto por não saber encenar
eu risco por não saber transcrever
...
sou artista frustrado

artistas são viventes falidos

eu canto pq eu dasafino na vida
toco já que descompasso no ato
danço pra exorcisar meu retraimento
represento para não mentir d+
escrevo sendo na vida quase mudo
eu pinto pq a vida é muito cinza
desenho já que tudo é tão difuso
fotografo pra preservar algo do tempo-espaço
que sempre escorre
como líquido fluido
sobre minhas mãos vazadas
por isso abro meus poros
os dos sentidos
e capturo um instante
pra registrar sua eternidade[

quinta-feira, outubro 06, 2005

notas

não se pode pagar o preço de uma mentira
a não ser que você seja um suicida
se não, pagará durante toda sua vida
e ainda virá a morrer em dívida

acredite em alguém que se desacredita
para dar esperança pra auto-estima
de quem vale muito, porém
se vende por muito pouco
como quase todos

a vida as vezes é tão repetida
como o mesmo céu claro de toda manhã
nessa cidade frágil de nome forte
a vida é as vezes tão repentina
muda-se uma vírgula
e uma nova história é construída

a vida é tão surpreendida
como uma nuvem só no azul
esperança no calor de meio-dia
a vida é até suspendida
muda-se uma vírgula
e uma história é interrompida

um amor adiado nunca vai ser achado
um inimigo esquecido sempre vai ser lembrado
e num álbum enorme sempre somem mesmo
algumas fotografias
a vida anda tão vazia
andamos tão longe de nós mesmos
talvez estejamos esquecidos
e eu nem sei se quero recordar...reacordem-me

terça-feira, outubro 04, 2005

desa(r)mar

ser amado é ser pelo outro
de tal maneira responsável
que não há como escapar
de retribu-i-lo
da única forma possível
amando,
mesmo que de forma latente
sonolenta e preguiçosa

amar é ato de caridade
que se faz a si mesmo
filantropia que mais beneficia
aquele que a pratica

eu nunca amei pra não doer
se não doeu, então foi gostar
gostar é sempre prazeroso
quando doer, é só parar

amar não, é pra sempre
mesmo que a revelia do amante
e sem permissão do amado
ambos se amam,
mesmo que o amor seja velado

machucar o outro não é desamar
pode ser chamar atenção
pode ser vingança,
mesmo que a um amor antigo
mas cuja raiva se vê refletido
nesse novo que nada tem de culpa


amar dói
desamar mais ainda
um esforcendo tremendo
desarmar o coração
juntar suas tralhas
e ir embora
deixando a si mesmo pra trás

sábado, outubro 01, 2005

untitled one

When it is ok
when everything is just fine
it's hard to love
when you're not falling apart

In the good times
trust can be mistrust
cuz sharing is so hard
but in the bad ones
it is just so good
to have you by my side

When I talk
and you hear
when I need
and you confort me

I don't even have to say plase
you love me like a natural thing
it's so confortble
and I feel shamed
cuz I doubted
the most trustfull thing I have now:
you

I should open my blind eyes
and let my numb skin be touched
and shake my dusted heart
to let me love you like you do