quarta-feira, novembro 23, 2005

Caminhos

Quem tem muita pressa
quase sempre
muito tempo perde

Quem corre mais
nem sempre
chega na frente

porém, entretanto, mas
quem tem sempre um pé atrás
quase semrpe se estrepa
na hora do arranque...

correr disarado
não importa para onde
mas pra um dia
seja ele qual for
chegar a algum lugar

as vezes não pensar
é a coisa mais inteligente
a se fazer
regurgitar pensamentos
é amolecer

as vezes examinar
todas as possibilidades
é deixar escapar a verdade
entre todas as suas versões

quando não se sabe o que fazer
corra atrás do que mínimo
aqulilo que é seu intrínseco
e não é possível se desconhecer

sexta-feira, novembro 11, 2005

indícios...

de que vive o amor ?
com certeza
não de provas concretas,
como um crime clássico
o amor vive de indícios,
de reticências,
do que ficou no ar...

assassinato discreto
o amor não deve ser um grito,
como um feitiço celta muito antigo
o amor deve ser um sussurro
s o l e t r a d o a o s p o u c o s
sobre a alma do outro

a paixão tem a certeza
tem a prova concreta
a arma do crime a vista:
o amante ensaguentando
banhado do sangue próprio
tentando pulsar dentro do outro
como o outro pulsa dentro de si

o amor tem somente isto:
a digital do criminoso
impressa em cada olhar
que se dispara à pessoa amada
com a mira de quem não atira nada
só detetive sagaz, o bom amado
nota tudo que é disparado
porque como bom criminoso
o amante sempre garante
que realmente foi fatal
atirando de novo
e de novo
e de novo
...por segurança
de que a segurança do outro
seja infrigida

amar é afogar o outro
com o seu corpo
tirar seu fôlego
asfixiar com os braços
em volta do seu torço
penetrar-lhe a carne

atingir sua alma
atirar-se quando preciso
o amante é a bala
o amado é o alvo
mas só sera fata
quando atingir o coração

talvez fosse mais proveitoso
perguntar:
de que morre o amor?
quem pode ser acusado?
suicídio ou assassinato?



Bang, bang, my baby shot me down...

quinta-feira, novembro 03, 2005

deLírio

Que loucura é nossa mente
nossos sonhos nunca mentem
imagino que nem sonhes
que sonho contigo
e quem vai saber também
os sonhos que habito
até porque, afinal,
desejo não possui direito autoral
só possui por possuir mesmo...

delírio é tornar vivo
um instante impossível
sem consequência ou arrependimento
valendo apenas o momento
eternamente válido por si mesmo

que razão tem a loucura
que tanto tempo dura?
o desejo verdadeiro transpõe
barreiras tão, mas tão grandes
que mesmo que tente e võe
nem sequer o amor tem alcance

disância, tempo, desconhecimento
a paixão é seguramente anônima
nos permitindo
o prazer do impossível
degustar o gosto do proibido
um gosto um tanto amargo
quando estamos acordados
mas que no delírio líquido
diluido, é até apreciável

a tranqulidade monotona do real
frente a excitante desordem
do desejo, vence fácil demais
porque esse queima e inflama
se espalhando pelo ser que ama

ainda assim é alívio
poder acordar e ver tudo igual
sem ter posssuido
o que era proibido
sem consequências
e sem ganhos também
só uma lembrança confusa
e o gosto amargo
agora mais azedo
do que nunca

talvez não haja dor maior
do que perder o que não se tem
mas lhe pertenceu
porque se sentiu como seu
por um fio frágil de consciência

os sentidos que descordenam
a falta de sentido que explica tudo
a vontade se sobrepondo a convenção
todos os papiltes se rendendo
ao palpite único da pulsação

as luzes apagam seu veneno
iluminando só o que interessa
nosso corpo acendendo ao desejo
o toque que dá sossego
a loucura que prediz a alucinação
nossas carnes firmes
e nossas almas tênues
mas nada se apaga
tudo se ascende e torna a descer
no ciclo que leva ao êxtase

um não simplesmente não existe
sins não precisam ser ditos
os olhos declamando poesias
sobre a inevitabilidade do desejo
dois corpos que se aproximam
relutantes e sedentos
lábios que entram em contato
corpos que gritam solidão
se sentindo ainda mais imcompletos
quando vai embora o tesãO