sexta-feira, junho 30, 2006

Éterarte!

Eu quero poesia nas paredes
do meu quarto
Eu quero a minha sala
toda pinturizada
Eu quero cores vivas
na cesta de frutas
Eu quero uma luz bonita
no meu domingo à noite
Eu quero que as buzinas
se tornem melodia

Quero o dia-a-dia, até melancolia
Quero qualquerum, quero a meia-luz
Quero meio-tons, até saturações
Quero infinidades e o particular

Quero ver meus medos
causando mais que espanto
Quero perder a patente
da minha própria alegria
Quero ver minha tristeza
Sem olhos molhados
Quero escrever poesia
na extensão da tua pele...

E até escreveria,
se não fosse tão bonita
E já escrevesse em mim!

Enfim, eu quero padecer no paraíso,
passárgada no caminho ao lado da minha cruz...



Eu quero é que meus vazios se encham de éter!

domingo, junho 18, 2006

Doido varrido

Doido varrido - da série auto-abandono, maiores abandonados


Sempre que me encontro perdido demais,
Ensaio alguns passos para trás
Procurando o caminho por onde vim.
Mas hesito logo, quando lembro
que o que temo está justamente ali.

Não tenho medo de seguir, ir pra qualquer lugar,
Porque eu não vou mesmo pra lugar nenhum
Doou voltar em mim, voou do sótão ao porão
Mas o motivo da fuga, que não é só um
Encontro na verdade na sala de estar(não estou!)

Reformada, linda, e uma pilha de tapetes no centro
Mal se equilibrando tal Torre de Piza
Contínua iminência de desabamento fatal
Vou descobrindo um a um os milhares que há
Buscando a poeira esquecida da memória
Onde começou toda essa bagunça

Porém, toda vez que isso acontece
Minha primeira intenção logo padece.
O fungo do abandono, esquecimento,
Me faz espirrar epileticamente de anseios
Rinite emocional, auto-alergia...
Eu desencano, pego novo e grosso manto
E jogo o tapete sobre mim. Fim.