segunda-feira, dezembro 24, 2007

Pequena história de uma crise de cognição










Minha avó
Que é uma famosa
Diretora de curtas-cabeça
Me dizia
Desde bem pequeno
Que o homem
É uma maquininha de fazer sentido

Disse que ele faz isso
Desde muito antes de Cristo,
Pelo qual alguns martelam sua dor,
Até a Guerra no Iraque
Que para alguns é justa
E para outros, santa

Por tudo isso ela diz
que até esse cigarrinho
Que ela me pegou aqui fumando escondido
Em plena altura dos meus doze anos
No enterro do meu pai
Tem sua certa explicação

Foi quando eu protestei
Ora, vó, veja bem
Que foi muito foda
Ver meu pai atropelado
Por um assaltante
No seu próprio carro

E ela me disse rindo
Que sentido só não teria
Se em vez de cigarro fosse um charuto
E eu fiquei muito puto
Porque pode tudo ter sentido?
Eu reluto
Eu me recuso
Em dar sentido ao absurdo

6 comentários:

Lara disse...

O.O

O que dá raiva de vir aqui é que tudo é tão bom que tem nem o que dizer.

Anônimo disse...

adorei a poesia.
sincera,

Ary Salgueiro disse...

Eu quase tava refletindo sobre a morte, mas não sei se é o caso...

Boa coisa ce fez aí, bruno.

João Miguel disse...

Acho que sou como a Lara e não tenho o que dizer. Mas com certeza eu sorrio, porque foi divertido.

Mas minha avó diria
- Mimoso!

Débora Medeiros disse...

Parece ode a uma velhinha sábia e escrota XD

Mayara Carol Araujo disse...

putz, mto boa, loro!

faz sentido.
:]