quarta-feira, outubro 12, 2005

requiem

poemas são músicas mudas
que mudam a cada leitura
leitores, ouvintes surdos
que escutam quase tudo
captando vibrações
na tranquila reverberação
que ecoa surda no papel,
mesmo que este seja virtual

letras são notas condensadas
espontaneamente tecem
uma melodia entoada
de maneira planejada

e nunca é a toa
cada um delimita
em que tom se lê
na sua harmonia

palavras, palavras ou palavras
as vezes são gemidos liquefeitos
feito lágrimas molhando o papel
de tristeza e de felicidade

palavras quando combinadas
geram cores inesperadas
tons de verde-anil-azul
não só um simples belo blues

jazem vivas sempre sobre o céu
contando as lembranças de lembranças
de quem já morreu sob o papel
a tinta da caneta é o sangue do escritor
quanto mais escreve, mais ele sangrou

e sendo assim
cada poesia
é um pedaço de si
aos poucos amputados
exorcisados de mim

cada escrito
é um pouco epitáfio
mas nem toda morte
é infeliz
já que a vida
é um fio no abismo do fim
e a queda
talvez seja um alívio
ou a perdição

mas não importa
tenho escrito
um backup de memórias
pra nunca ser esquecido
a não ser que me apaguem
até dos livros
de quem já me leu

5 comentários:

Anônimo disse...

apagar dos livros de quem já me leu. gostei muito disso.
voce gosta mt de fazer poesia sobre poesias!
poesias eróticas são legais. porém a que eu fiz é algo mais escrachado e cômico!
vl!

Bruno disse...

E viva a metapoesia!

C YA!

Anônimo disse...

michel furou o bloqueio!...
b. reis

Lara disse...

=* sem cabeça. Preciso voltar praa mim!

Anônimo disse...

oi!
sou amiga de henrique e bruno e fiquei curiosa em ver seu blog!
po esse poema atual, muito legal, fiz um até parecido que tá no meu blog...
acho bacana o meta-poema, quando teorizamos sobre a poesia mesmo, poética!
quando eu tiver mais tempo vou ler mais o que você tem aí! bjao!