domingo, setembro 18, 2005

Borboleta Preta

fuligem cobria suas asas coloridas
escondendo assim toda a sua beleza
entretanto garantia mais um dia de vida
se camuflando entre a sujeira que reina

apenas um milímetro de diferença
entre tanta mesmice e pasmaceira
seria gritante ao olho
e aos ouvidos vistoso
numa sinestesia ímpar
que só tamanhos insensíveis
poderiam captar

parece que os brutos só tem sensibilidade
para perceber as sutilezas das diferenças
e não enxergam a universalidade das semelhanças

dessa forma, seguia sujo
de sua origem, apenas lembranças
ia de sobras-vivendo
tão longe de seus semelhantes
no meio de tantos iguais
se sentindo estranho por dentro
ao menos pelos outros era aceito...
aprovado por ser o que não era

o maior problema não era a poeira
que por fora lhe cobria
mas as teias de aranha
que lhe tolhiam por dentro
amarras de preconceito
daquele mais puro e gritante:
o VELADO

quando batia asas,
a poeira sacudia
deixando um rastro negro
que quem se aproximasse cegava

e ele seguia como borboleta preta
como mariposa que não sai a noite
e não segue a sua natureza





solidão de si mesmo é quase incurável

Um comentário:

Lara disse...

amiga da naiana sim, mas acho que isso não justifica as sinestesias. :P Talvez as catacreses ou anaforas.. Mas quem diabos inventou tudo isso! :*